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FAVORITOS

Meus favoritos são os mais intensos. Os que mexeram mais comigo para escrever

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Me

Sou a Malu Ogata, leonina de 20 anos, cursando jornalismo.

Viajo nas minhas insônias... E esse é meu delírio.

Espelho, espelho meu 

Minha imagem não diz nada sobre mim. Meu sorriso, não diz nada sobre minha felicidade. Minha lagrima, não conta metade de tudo que me atormentou. Uma imagem de um corpo que abriga uma quantidade de histórias. Das mais banais às mais intrigantes. Das questionaras até as conversas rotineiros de elevador. 

Visto um corpo que nem pude escolher. Então me pergunto porque isso seria eu. Tanta coisa pra chamar de minha, e tudo o que se fala é sobre o que a mim, pouco pertence. Uma imagem. Espelho, espelho meu, existe o "eu" em você?

Software

Adormeci, e acordei uma nova versão, como uma atualização de um software, carregando toda o peso das antigas memórias, me sentindo pesada, mas de um jeito novo. Baixando novas músicas e deixando as que já foram as minhas preferidas no fim da lista. Mudando com medo de ouvir as mesmas melodias cantadas por letras diferentes. Mas sigo baixando novos aplicativos e editando meus videos, como se pudesse reduzir um momento em cortes. 

Tenho medo de estarem fazendo o mesmo e me cortando de alguma cena que deixei arquivada no meu software. Só ele sabe o tanto de coisa boba que eu guardo e tanta coisa que já arrastei pra lixeira e ,depois dos 30 dias, fui correndo pra ver se dava para resgatar. 

No mesmo momento que sinto um alivio quando abre espaço na nuvem pra novos momentos, sinto medo de ocupa-lo com mais coisas bobas. Essas sim deviam ter sido arrastadas pra minha lixeira. 

Como a gente sabe se uma coisa é boba? Porque naquela hora fazia tanto sentindo guardar no meu software. Sempre na dúvida se preciso comprar um armazenamento maior ou se apago as coisas que já me fizeram rir. Tipo aquelas piadas da época da eleição, agora, não fazem mais sentido. Mas faziam.

Escuridão, Eu e a Cidade

Nada em mim,  em lugar nenhum. Não tenho certeza mas acho que subimos e voamos alto pra cairmos em algum de nossos próprios penhascos. Aqueles que criamos dentro da gente. Somos uma cidade grande procurando uma escuridão em alguma rua deserta de nós mesmos. E nos levantamos dizendo que vai ser diferente. Mas acabamos no breu, ouvindo nossas próprias respirações e nos responsabilizando pelos nossos batimentos de um coração inquieto. De uma vida inquieta de questionamentos sobre a própria vida. Nos forçamos a acreditar da mesma forma que nos forçamos a desacreditar. Nos damos realidades para nós mesmos termos no que desacreditar e a chance de acreditar de novo. 

Uma cidade grande cheia de gente. Gente que contam os mesmo contos, que vivem o mesmo dia. Gente que dança do mesmo jeito músicas diferentes. Tudo tão parecido, mas a cidade não me conhece, e muito menos eu a conheço. Mas mesmo assim, dançamos todos iguais. Somos desconhecidos, vizinhos em ruas paralelas procurando, no mesmo breu, respostas para as mesmas inquietudes da vida. 

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